O Comendador Alípio Mendes, como ele gostava de ser conhecido, nasceu em Angra dos Reis, em 09 de setembro de 1921. Era filho do Sr. Ostiano Mendes e de Dona Eurídice de Oliveira Mendes.
Alípio fez de tudo um pouco, de vendedor de doces a telegrafista; de Serventuário da Justiça, função na qual se aposentou, a pesquisador e historiador, passando pela de jornalista. Na verdade foi um autodidata.
Na foto aparece com o diretor do IHGB (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro), Raul Lima.
Nasceu com Angra no coração, adquiriu vários documentos importantes e anotou todas as informações possíveis que testemunharam a história de seu torrão natal. Foi presença marcante em muitos congressos, simpósios e encontros onde podia aprimorar seus conhecimentos, dar sua contribuição cultural e mostrar Angra dos Reis a todas as pessoas.
Foi uma pessoa simples, generosa, tenaz e competente. Nunca deixou de dar atenção a quem o procurava na cidade em busca de informações sobre o município. Tinha um carinho muito grande com os artistas, escritores e poetas angrenses, principalmente com Honório Lima e Brasil dos Reis.
Casarão da Ladeira de Santa Luzia, 0nde funcionava a biblioteca de Alípio Mendes.
Não publicou um livro com a história de Angra, mas deixou subsídios para que outros pesquisadores o fizessem. Ainda fez mais pela cultura angrense, fundou em 20 de abril de 1973, junto com alguns amigos, o Ateneu Angrense de Letras e Artes. O Ateneu funciona atualmente na Praça Guarda-marinha Greenhalg, 59 - São Bento. Foi seu presidente por vários anos e fazia questão de redigir a Revista do Ateneu. Na edição de dezembro de 1992, escreveu um artigo sobre as usinas nucleares, intitulado “A USINA ATÔMICA ANGRA II" EXIGE UMA DEFINIÇÃO”. Sob sua direção a revista foi publicada durante dez anos.
Criou, no governo de José Luiz Ribeiro Reseck, o Conselho Municipal de Cultura, do qual foi presidente. Neste período ajudou a publicar várias obras importantes para a nossa história, promover conferências, exposições e concursos literários. Fez parte de várias ordens religiosas, como a Venerável Ordem Terceira do Carmo de Angra dos Reis. Foi proprietário do Jornal “A Gazeta de Angra”. Também foi membro do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil; do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Academia Fluminense de Letras. No dia 3 de outubro de 1997, concedeu sua última entrevista ao poeta e escritor Antônio Roberto de Carvalho, publicada na edição de dezembro de 1997 da Revista do Ateneu. Já estava debilitado e com deficiência de visão, mas não perdia o entusiasmo ao falar sobre o futuro da cultura em Angra.
Não é possível conhecer Angra, sem lembrar-se das lições de Alípio. Como bem disseram os Mestres em história Cybelle de Ipanema e Marcello de Ipanema: “Angra e Alípio se confundem. Cremos que poucas pessoas fizeram por seu município tanto quanto ele.”
Em 6 de janeiro de 1998, comemorávamos quatrocentos e noventa e seis anos da passagem da esquadra de Gonçalo Coelho por nossa Angra dos Reis. Nesta data, aos 76 anos, Alípio Mendes faleceu. Por tudo que fez para Angra, talvez tenha recebido um presente de Deus.
Publicou vários trabalhos contando detalhes da história angrense, entre eles destacamos:
O velho convento – seu primeiro livro, publicado em 1967;
Ouro, incenso e mirra – publicado em 1970;
Poetas da minha terra – publicado em 1971;
A Santa Casa de Angra – publicado em 1972;
Os barões de Angra – publicado em 1978;
O Convento de N. S. do Carmo da Ilha Grande – publicado em 1980;
A Igreja Matriz de N. S. da Conceição de Angra dos Reis – publicado em 1986.
Fonte: Ateneu de Letras Angrense, PMAR, Ednea M. Pascoal