Capela da Santa Cruz da Generosa Paraty

A pequena Capela da Santa Cruz de Gragoatá ou Capela da Generosa como é popularmente conhecida, fica localizada em um sitio bastante central, ainda que escondida atrás da Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios, á margem direita do rio Perequê Açu, no Beco do Propósito.

A construção dessa capela data de 1901 e está ligada a uma superstição da Semana Santa. Contam que existiu um preto (como eram chamados os negros), de nome Teodoro, escravo liberto do senhor José Quadrado que, em uma sexta-feira, desafiando os conselhos dos mais sensatos, insistiu em lançar “uma tarrafeada” nas aguas do rio Perequê- Açu.

Aconteceu porem, que umas das malhas da tarrafa enganchou-se em um botão de sua camisa, derrubando-o no rio e levando-o para o fundo das aguas. Quando puderam prestar alguma ajuda, o homem já estava agonizando, morrendo em seguida.

Uma senhora, de nome D. Generosa, moradora no local, prometeu então mandar ali erguer uma cruz de cedro. O tempo foi passando, e ela foi deixando para trás a promessa, até que um compadre seu, vindo de praia distante e não sabedor do fato, entrando em casa para visita-la, indagou se ali havia algum cedro, pois estava sentindo um forte cheiro de madeira.

Dona Generosa recordou-se da promessa e mandou preparar uma cruz de cedro, que fez levantar perto do local do sinistro. Passando algum tempo, ali mandou erguer uma capelinha, com altar e luminária, que passou a ser conhecida como Santa Cruz da Generosa ou apenas Capela da Generosa.

Marcell Costa Morais mora em uma casa do século XIX no Centro Histórico de Paraty. O imóvel foi da tataravó dele, Dona Maria Generosa de Jesus, que também construiu, nos fundos do quintal, uma Capela que hoje é tombada pelo patrimônio Histórico e guarda muitas peças preciosas.

A mais importante é o Santo Lenho, um fragmento reconhecido pelo Vaticano como parte da Cruz de Cristo.

Em ocasiões especiais, como na Semana Santa, o público pode ficar perto dessa relíquia. Marcell virou um especialista em arte sacra e se orgulha de dividir os tesouros escondidos na capela do quintal de casa, a igrejinha ainda abriga relíquias de santos, beatos e imagens raras, vista por turistas do munto todo. Fonte: MORAES, M. C. e Igrejas de Paraty. 

Saco do Mamanguá Paraty

Um dos lugares mais belos de Paraty é o Saco do Mamanguá, cheio de lugares especiais, cada um com seu encanto natural e cultural.

No Saco do Mamanguá, se tem a sensação de que o tempo deveria parar e que tudo deveria permanecer exatamente assim, com sua beleza sem igual.

O Saco do Mamanguá é uma entrada de mar com 8 km de extensão e 2 km de largura. Possui 33 praias e 8 comunidades caiçaras. O fundo do Mamanguá tem uma belíssima área de mangue super preservada. 

A biodiversidade do local realmente impressiona. Muitas espécies de árvores, bromélias, flores podem ser vistas. No mangue, podem ser vistos facilmente diversos pássaros e caranguejos.

Para se chegar ao Saco do Mamanguá pode-se ir de barco, saindo de Paraty-Mirim, ou por trilha (para quem está com bom condicionamento físico). Mas, para entrar na área de mangue, apenas pode ser feito usando embarcações sem motor, como caiaques e canoas.

O ideal é visitar o Mamanguá com guia local que, além de garantir a segurança do visitante, faz de tudo para preservar o meio ambiente e traz informações relevantes sobre o modo de vida e a ecologia, assim como apresentar o artesanato local e o modo de vida do Caiçara. 

Várias praias podem ser visitadas e, também, uma boa dica é fazer uma caminhada até o topo do Pão de Açúcar. A visão é como a da foto principal deste post. Ao visitar o Mamaguá aproveite também para conhecer seus moradores, seu estilo de vida, sua sabedoria popular, seu artesanato e, claro, saborear um bom peixinho fresco. Fonte: PMP

Alambiques de Paraty

Acredita-se que, no início do século XVII a cachaça tenha começado a ser alambicada em terras paratienses. E, mesmo sem ter sido pioneira na produção da aguardente de cana, Paraty, pelas suas terras, suas águas ou lenhas, ou ainda pelos segredos da própria alambicagem, foi a mais importante região produtora de pinga no Brasil Colônia. 

Não apenas na Corte como na Colônia, todos pediam uma dose de paraty quando desejavam uma simples aguardente. A pinga produzida em Paraty fez tanta fama pela sua qualidade, segundo Monsenhor Pizarro e outros historiadores, que custava mais caro que todas as demais comercializadas no país. 

Sua importância sócio-econômica foi tão grande desde 1700 que acabou tendo seu próprio nome (Paraty) como sinônimo de aguardente até meados do século XX. 

Dos mais de 100 alambiques de aguardente que funcionaram no município a partir de meados de 1700, a cidade conta hoje apenas com 7, a saber:

- Cachaça Coqueiro
- Cachaça Corisco
- Cachaça Maria Izabel
- Cachaça Paratiana e Mulatinha
- Cachaça Pedra Branca
- Cachaça Maré Cheia
- Cachaça Engenho D’Ouro

A Indicação Geográfica (IG) constitui um instituto jurídico, previsto na nossa Lei da Propriedade Industrial, de 1996, que visa reconhecer e proteger o nome geográfico de país, região ou localidade, que identifique algum produto ou serviço típico. 

Na Europa, existem mais de 3 mil produtos agropecuários com certificados de IG. No Brasil, a certificação é recente. 

A IG resulta na fidelização do consumidor, que saberá que, sob a etiqueta da Indicação Geográfica, vai encontrar um produto de qualidade e com características locais, peculiares a um determinado lugar.

A IG realiza-se através de um registro junto ao INPI, que expede um certificado específico. Entre nós, existem dois tipos de Indicação Geográfica: a Indicação de Procedência e a Denominação de Origem. 

São dois registros diversos, com implicações e conseqüências jurídicas e econômicas diferentes. A Indicação de Procedência traduz-se no "nome geográfico de país, cidade, região demarcada ou localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço". 

Na embalagem do produto estará gravado "Indicação de Procedência". Já a Denominação de Origem se dá quando o nome geográfico de país, cidade, região demarcada ou localidade de seu território, designa produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos "fatores naturais e humanos".

O Certificado que a Cachaça de Paraty recebeu do INPI, em 2007, foi o de Indicação de Procedência, isto é, o direito exclusivo de somente as pingas fabricadas no município exibirem em seus rótulos a indicação: Cachaça de Paraty, seguida da expressão "Indicação de Procedência". 

Somente as cachaças fabricadas em Paraty poderão usar o nome geográfico "Paraty" em seus rótulos, quando se sabe que várias marcas de cachaça, em diversos Estados, usam o nome "paraty" para denominar cachaça .

No Brasil há apenas 6 produtos com o selo de Indicação de Procedência, sendo que Paraty é a primeira cachaça brasileira a receber esta certificação. Fonte: Secretaria de Cultura de Paraty. 

Quilombo do Campinho da Independência Paraty

A cultura do Quilombo do Campinho, quase na fronteira entre Rio e São Paulo, às margens do asfalto do progresso, resiste. Em suas terras, a comunidade do Campinho da Independência preserva as raízes negras e luta contra a discriminação.

A Rodovia Rio-Santos é o principal acesso a comunidade,  há poucos minutos do Trevo do Patrimônio,  primeiro distrito carioca depois da fronteira com São Paulo. Poucos motoristas pareciam notar a pequena placa que indica: “Restaurante do Quilombo. Sejam bem vindos”! O acesso bem sinalizado leva a uma subida de paralelepípedos que termina na praça central. 

Com uma aparência bucólica e construções de taipa, o Quilombo Campinho da Independência abriga uma história que começou no século XIX, quando a região era divida entre fazendas de monocultura. Com a abolição oficial da escravidão e o esgotamento da terra para a produção extensiva, os proprietários foram aos poucos abandonando o local.

Entre os trabalhadores que ficaram, estavam três mulheres: vovó Antonica, tia Marcelina e tia Maria Luiza. Segundo os mais antigos, todas as sete gerações que viveram no campinho são descendentes delas e de outras poucas famílias que chegaram depois.

Conquistada a liberdade, o quilombo cresceu e sobreviveu a partir da terra. Até a década de 70, a comunidade era praticamente autossuficiente, indo à Paraty apenas para vender excedentes, como banana e farinha. A alimentação era variada, com as mulheres sempre envolvidas em todas as etapas de produção. “Elas sempre diziam que a terra era para usos e frutos nossos”, conta a coordenadora de turismo, Daniele Elias Santos, ou Dani, como prefere ser chamada.

Quando a rodovia Rio-Santos começou a ser construída, os olhos do país se voltaram à região. Seu Valentim, ancião local que tem mais de 90 anos, ainda se lembra quando grileiros iam ao quilombo afirmando serem descendentes dos antigos fazendeiros. 

“Alguns até, para enganar a gente, falavam que não seríamos despejados, mas que a terra era deles”, conta. Já Sinei Martins, da associação de moradores do quilombo, ressalta que muitas das fazendas que hoje margeiam a Rio-Santos surgiram com os posseiros e grileiros que chegaram pela rodovia.

Com o crescimento econômico do eixo Rio-São Paulo no século XX, a especulação imobiliária voltou a atrair os “herdeiros” dos antigos escravagistas. Durante a disputa pelo território, onde antes ficava a Fazenda Sertão da Independência, a comunidade precisou criar uma representação coletiva para facilitar o acesso à justiça. Em 1994 a Associação dos Moradores do Campinho foi consolidada, cinco anos antes de seu reconhecimento oficial.

O racismo contra a cultura quilombola fez com que um grupo de jovens assumisse a associação para desmistificar o preconceito dentro da própria comunidade. “Logo no início nós percebemos que aumentou até a autoestima do pessoal. Se antes falava que era moreninho, agora, eu sou negão”, lembra Sinei.

Basta andar pelas ruas para encontrar cartazes sobre os eventos do quilombo. Os grupos de hip hop e samba são alguns exemplos das atividades culturais que fazem parte do cotidiano na comunidade. Segundo Dani, o próprio jongo, que na época da escravidão estava mais ligado a limpeza espiritual, tornou-se uma dança de afirmação cultural.

O reconhecimento da cultura ajudou os moradores a enfrentar o racismo. Dani foi uma das crianças que sofreu discriminação durante a infância. “Saí para estudar em Paraty e lá o preconceito era grande. Com a valorização da nossa cultura, vejo uma maior autoafirmação dos negros.”

Após a demarcação oficial do quilombo, as terras foram divididas entre as famílias em uma concessão que proíbe sua venda ou aluguel. Sentado no gramado em frente à Associação, Sinei explica como esse formato auxilia nos trabalhos comunitários: “A gente gostou bastante, até porque, garante uma busca constante de resgate da nossa cultura”.

Mesmo com diversas atividades nos espaços públicos do Campinho da Independência, a escola municipal ainda não é muito aberta às demandas e tradições do quilombo. São comuns as reclamações dos moradores sobre as dificuldade no diálogo com a Secretaria de Educação de Paraty.

Com a popularização da televisão, a dinâmica cultural mudou entre os moradores. Sidnei ainda ressalta as diferenças: “As crianças não rejeitam as culturas tradicionais, mas o que é empurrado pela TV parece muito mais atraente”.

Segundo Dani, são nas ações cotidianas dos núcleos familiares que os laços culturais se consolidam. Na frente do restaurante, ela conta com um sorriso no rosto que já vê meninos e meninas de 10 e 11 anos se afirmando: “Nós valorizamos muito a família, nossa terra e onde a gente mora. Temos que passar esses valores para nossos filhos, porque se a gente perder isso, vamos perder tudo”. Fonte: Quilombo do Campinho da Independência de Paraty.

Lançamento do Navio Henrique Lage,1961, Verolme.

O ex-Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, participou da cerimônia de lançamento do navio Henrique Lage, no estaleiro Verolme, atua...