Engenho Central do Bracuhy, Angra dos Reis

A antiga usina de Açúcar era conhecida como Engenho Central do Bracuhy e foi inaugurada dia 12 de Junho de 1885, com a presença do então Ministro da Agricultura, Conselheiro Antônio Carneiro da Rocha.
Em 1886 a firma, Souza Irmão & Cia, passou o controle do empreendimento à empresa Furquim Vapper & Cia.
O Engenho construído com material importado da Europa, nas terras da Fazenda de Santa Rita do Bracuhy, era um dos mais modernos da época, se destacava, pela sua forma de produção.
Seu sistema de difusão, a vapor, diferenciava, e muito, do esmagamento da cana em moendas. No final do século passado, entrou em decadência junto com a indústria de açúcar no Brasil.
Atualmente suas ruínas é um patrimônio histórico e cartão postal de Bracuhy, (grafia alterada).
A fazenda Santa Rita do Bracuhy pertenceu ao Comendador José Joaquim de Souza Breves, ou José Breves como era chamado, irmão do maior cafeicultor do Brasil na época, Joaquim de Souza Breves.
A fazenda funcionava como porto de recepção de africanos novos, inclusive no período ilegal do tráfico, e produzia cachaça para moeda de troca no comércio negreiro.
Com a morte do comendador José Breves em 1879, a fazenda é legada a Santa Casa de Misericórdia de Angra dos Reis e aos seus escravos, descritos nominalmente no seu testamento.
Foi aberto o testamento que ele havia ditado em 1877. Ele era um dos maiores donos de escravos na região.
Por isso, a surpresa: Breves, que não tinha filhos, alforriou todos os seus escravos, deu a vários deles pensões vitalícias e entregou-lhes duas enormes fazendas: a Fazenda Cachoeirinha, em Arrozal-RJ e a Fazenda Santa Rita de Bracuhy, em Angra dos Reis RJ. (foto acima, retrata o engenho em funcionamento).
Não era pouca coisa. De acordo com escrituras deixada por Breves, os mais de 290 alqueires geométricos doados por Breves aos escravos correspondem a mais de 1.400 campos de futebol. (foto acima o antigo engenho na década de 20).
E com mais de 2 quilômetros em linha de frente para o mar. Era uma autêntica libertação dos escravos com reforma agrária. Os descendentes de escravos de Arrozal ainda hoje vivem nas terras deixadas pelo fazendeiro. (foto acima o engenho em 1921)
Os escravos libertos do Bracuí, também viveram em paz por um bom tempo. Na década de 40 tentaram lhes tirar parte das terras à força, mas eles repeliram os invasores. (na foto creditada a esta mesma década, presença do ex-prefeito Salomão Reseck no local).
Os problemas começaram quando, em 1970, foi aberta a Rodovia Rio-Santos, que valorizou as terras, colocando os preços nas alturas, em especial as áreas à beira-mar. (na foto de 30.10.1976, Bijeck, Grego e Miguel Assad, nas ruínas do engenho).
 De repente, em 1975, surgiu a Bracuhy Administração, Participações e Empreendimentos Ltda., dizendo-se proprietária da margem de terra que dá frente para o mar e onde ficavam o porto e o engenho de cana. E, no cartório, a empresa de fato aparecia como proprietária. O que aconteceu? Trambiques após trambiques cartoriais, desde o Século XIX, surrupiaram as terras da plebe negra. (na foto de 1978 ainda não havia o condomínio)
 Para se ter uma ideia, em 1956 essas terras aparecem no espólio de Honorato Lima, que havia sido o inventariante de plantão dos bens deixados por José de Souza Breves. Os descendentes de escravos, após a Rio-Santos, foram forçados a sair da área onde a empresa construiria o luxuoso Condomínio do Bracuhy, com valorizado metro quadrado de venda. Homens armados intimidaram os descendentes dos escravos, eles foram proibidos de plantar no local e barragens em torno do Rio Bracuhy fecharam-lhes o acesso às terras que eram dos seus antepassados, de fato e de direito. (foto acima mostra o hoje valorizado condomínio).
Em 1978, com o apoio da Igreja e da FETAG (Federação dos Trabalhadores na Agricultura), os negros herdeiros da fazenda entraram na Justiça para reaver suas terras. Infelizmente apenas cinco famílias conseguiram comprovar a descendência dos escravos locais e conquistaram o direito a um ínfimo quinhão da enorme doação de José de Souza Breves.
Mas um dia uma santa alma há de descobrir como a raia graúda, que jamais pegou em uma enxada, conseguiu comprovar ser dona de terras que, por escrito, pertenciam a descendentes de escravos. Nas fotos é possível ver fotos das áreas da antiga fazenda, as ruínas do engenho, da igreja anexa. e a atual situação. Toda área do condomínio pertence por direito aos descendentes dos escravos libertos. (foto acima da BBC retrata a vida dos negros no campo).
MEDIÇÃO DA FAZENDA Sta. RITA DE BRACUHY
DOC. Nº 12 DE 7 BRº DE 1883 - ESCRm. M.V.GLZ.
312 ½ BRAÇAS DE TERRAS DE TESTADA, QUE FORAM DE ANTº ALVES CHAVES.ESTE ESPAÇO REPRESENTA A FAZENDA DE Sta. RITTA DE BRACUHY QUE PRINCIPIA NO MARCO DAS TERRAS DA VIUVA MARIA THERESA, E CONFINA NO MEIO DA LAVRA DO RIO BRACUHY.
É ESSA FAZENDA COMPOSTA DE 5 SESMARIAS CONCEDIDAS A DIVERSOS POR CARTAS DE SESMARIA CONCEDIDAS A DIVERSOS POR CARTAS RÉGIAS DE 15 DE JUNHO DE 1711, AS QUAES, EM ORIGINAL, EXISTEM EM PODER DO COMdor. JOAQUIM BREVES.
ESSAS SESMARIAS FORAM VENDIDAS AO BRIGADEIRO FRANCISCO CLÁUDIO DE ANDRADE POR ESCRIPTURA DE 18 DE JANEIRO DE 1805, E O BRIGADEIRO POR ESCRIPTURA DE 30 DE MAIO DE 1829, VENDÊO AO FINADO COMENDADOR JOSÉ DE SOUZA BREVES.
ESTE ESPAÇO REPRESENTA AS 112 ½ BRAÇAS DAS 312 ½ QUE ANTº ALVES CHAVES, POR CARTA DE SESMARIA OBTEVE, A PARTIR DO MEIO DA BARRA DO RIO BRACUHY, ONDE CONFINA A FAZENDA DE Sta. POR FALLECIMENTO DE CHAVES, TOCARAM ESSAS 112 ½ BRAÇAS A DIOGO PERES DE D’ OLIVa. LARA, POR CABEÇA DE SUA MULHER. DIOGO LARA VENDÊO ESSAS BRAÇAS DE TERRAS AO FINADO COMENDADOR BREVES POR ESCRIPTURA DE 6 DE MAIO DE 1831.
ESTE ESPAÇO REPRESENTA AS 170 BRAÇAS DAS 312 ½ DITAS DE ALVES CHAVES. POR SEO FALLECIMENTO COUBERAM A VIUVA ANNA DE S. JOSÉ E POR FALLECIMENTO D’ESTA EM 1832, FORAM ELLAS ASSIM PARTILHADAS: - A SUA FILHA ANNA 29; A SUA FILHA FELICIDADE 20; A SUA FILHA URSULA 20; A SEO FILHO ANTº 24; A SUA FILHA JOSEFA BREVES 45; A SUA FILHA MARIA LARA DIOGO 17; A SEOS NETOS ANTº E DOMINGOS 24.
( VIDE A NOTA ANEXA )

ESTE ESPAÇO REPRESENTA AS 30 BRAÇAS DAS 312 ½ DITAS DE ALVES CHAVES. POR SEO FALLECIMENTO TOCARAM AO CO-HERDEIRO ZEFERINO JOSÉ DA Sa., MORADOR NA PEDRA DE GUARATIBA E ESTE COM A MULHER, VENDERAM ELLAS AO FINADO COMdor. JOSÉ BREVES, POR ESCRIPTURA DE 5 DE MAIO DE 1840. 
Fonte: UFF, brevescafé, PMAR, Samir Assad, Luís C. C. Jorge, Cimar Pinheiro, acervo pessoal.

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