Aldeia Sapukai Bracuí, Angra dos Reis

  
A saga dos Guaranis no estado do Rio de Janeiro, teve início na década de 40, quando eles começaram a chegar pela Serra da Bocaina, em travessias feitas a pé.
Os Guaranis, do subgrupo Mbya, vinham do Paraná e Santa Catarina, como conta o antropólogo José Bessa, professor de educação indígena da Uerj. Somente em 1972, com a abertura da Rodovia Rio-Santos, eles foram “descobertos” pelos fluminenses e o restante do Brasil.
Até então, não havia oficialmente índios no estado do Rio de Janeiro desde 1888, e os Guaranis não faziam parte dos grupos que haviam habitado o estado.
Os guaranis têm o hábito de migrar, o que tem um fundo religioso. Vão em busca da chamada terra sem males, que é a terra que eles, por muito tempo, acreditaram existir em algum lugar no leste do Brasil.
O Serviço de Proteção ao Índio, depois FUNAI, não reconhecia a existência de tribos no estado de 1888 a 1972, segundo explica o professor Bessa, responsável pela estimativa sobre o total de índios no estado, que flutua devido às características de migração dos Guaranis.
Maior aldeia fluminense, Tekoa Sapukai Bracuí, em Angra dos Reis, tem aproximadamente 500 pessoas em mais de 2 mil hectares e acesso pela Rio-Santos. A aldeia do Bracuí dispõe de um posto de saúde bem equipado, escola bilíngue e energia elétrica.
Em saneamento, as coisas não vão tão bem, embora tenha se investido em construção de banheiros de alvenaria, erguidos com verba da União, estes ainda são insuficientes para atender a demanda.
Na aldeia Bracuí, alguns adultos não falam o português, só Guarani. Sua principal fonte de renda é uma ajuda financeira da FUNAI e as vendas de produtos confeccionados por eles (artesanatos em geral), principalmente a cestaria que são os mais vendidos por eles.
Realizam apresentações e festas em datas especificas. A visitação a aldeia é permitida e deve ser agendada, durante as visitas é possível acompanhar e participar das apresentações, utilizar utensílios e provar da culinária indígena. No dia do índio acontece exposição do artesanato da aldeia na Casa de Cultura Larangeiras.
Curiosidades, de acordo com cacique a aldeia é comandada com certo rigor. Se uma índia se apaixonar por um homem branco, ou vice-versa, o casal deve deixar a comunidade. Por lá é proibido jogar carta, ingerir bebida alcoólica, fumar “cigarro de branco”. Às mocinhas só é permitido o uso de saias compridas. E nada de colorir o cabelo ou usar piercing. Quando um índio quer beber deve fazer fora da aldeia e não pode voltar antes de estar sóbrio.
Líder da comunidade indígena Guarani, Karai Mirim, também conhecido como Algemiro da Silva, é um cacique com mais de 50 anos que vê sua função social dentro da aldeia ganhar novos significados após se formar como antropólogo na UFRRJ. Com um discurso político e pedagógico, Karai Mirim analisa questões relacionadas à educação, alimentação, cultura e envelhecimento, impactos socioculturais e ambientais que o mundo contemporâneo vem causando à sua comunidade nos últimos anos.  
O Nome Sapukai significa um grito de socorro pela proximidade da aldeia com a Usina Nuclear. Fonte: UERJ, FUNAI, O Globo e Aldeia Sapukai. 

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