Museu de Arte Sacra de Angra dos Reis

 
O Museu de Arte Sacra de Angra dos Reis está instalado na Igreja de Nossa Senhora da Lapa e Boa Morte, erguida em 1752. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1954.  

A igreja foi adaptada em 1992 para abrigar as mais de duas mil peças que compõem o acervo do museu. Prataria, indumentárias, imagens e objetos sacros datam do século XVII ao início do século XX. 

O Museu de Arte Sacra de Angra dos Reis, é considerado o mais importante do estado em matéria de arte sacra. Seu acervo, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, reúne cerca de dois mil itens distribuídos em coleções de imaginária, prataria e indumentária que datam entre os séculos XVII ao início do século XX.

Este acervo é oriundo das irmandades já extintas do Santíssimo Sacramento, de Nossa Senhora do Rosário, de São Miguel e Almas e de Nossa Senhora da Conceição; das igrejas localizadas na Ilha Grande, Mambucaba, Ariró, Bracuí, Ribeira e Jacuecanga, assim como do culto doméstico muito particular que fez surgir algumas imagens de cunho popular tradicional na região.

Desde então, todo ano é realizada no museu uma exposição temática diferente com o fim de fazer circular o importante acervo sob a fiscalização do IPHAN e manutenção do município.

Criado em 1992, o museu é um misto de templo sagrado e espaço cultural.

Mantendo a tradição do culto a Nossa Senhora da Lapa e Boa Morte, o museu é usado pela comunidade católica no mês de agosto, com missas, procissões e outras celebrações que comemoram o dogma da Assunção, como prevê o acordo firmado entre a Prefeitura e a Mitra Diocesana de Itaguaí que cedeu a igreja para abrigar o importante acervo sob a guarda do museu.

A Igreja de Nossa Senhora da Lapa e Boa Morte foi construída, por promessa de Baltazar Mendes de Araújo. Tombada em 1954 pelo antigo Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - SPHAN, com inscrição no Livro de Belas Artes, é constituída por nave e capela-mor ladeadas, à direita, por sacristia coberta pelo prolongamento da água do telhado e, à esquerda, por uma sineira com acesso por escada coberta, paralela à lateral da igreja. 

Na frontaria principal, sobre a cimalha, o frontão vazado. Um dos destaques na igreja está na pintura original do altar-mor.

O termo Lapa, significa grande pedra, laje ou gruta. Muitas igrejas recebem este nome por estarem situadas sobre esses locais. É um dos nomes designados a Nossa senhora, esta tradição teria surgido em portugal.

A história da devoção a Nossa Senhora da Lapa é objecto de várias lendas populares locais. Segundo a mais difundida, iniciou-se em meados do ano de 982, quando o general mouro Almançor, em uma das suas campanhas militares na Península Ibérica, passou por um mosteiro nortenho onde teria martirizado parte das religiosas que ali se encontravam. As religiosas que teriam conseguido escapar do general teriam se abrigado em uma lapa (gruta), onde teriam guardado uma imagem de Nossa Senhora que levavam consigo.

 Ao longo dos séculos, por cerca de quinhentos anos, a imagem teria permanecido ali, até que, em 1498, uma jovem pastora chamada Joana, menina ainda e muda de nascença, ao pastorear as ovelhas pelos arredores da gruta, teria resolvido adentrar e teria encontrado a imagem, pequena e formosa. Porém a inocência da menina teria interpretado o achado como uma boneca e a teria colocado na cesta onde guardava seus pertences e seu lanche. Durante o pastoreio, a menina enfeitava a cesta como podia, procurando as mais lindas flores para orná-la.

Embora as ovelhas se encontrassem sempre no mesmo lugar, estavam sempre alimentadas e tranquilas, o que despertou comentários entre algumas pessoas. Estes comentários chegaram aos ouvidos da mãe de Joana, que, já enervada com as teimosias da menina, num momento de irritação, pegou a santa imagem e atirou-a ao fogo.

Ao ver isso, a menina soltou um grito: "Não! Minha mãe! É Nossa Senhora! O que fez?". Sua fala desprendeu-se instantaneamente de forma irreversível e sua mãe, neste momento, ficou com o braço paralisado. Ainda em transe, a menina e a mãe oraram e o braço paralisado ficou curado. A comunidade, então, reconhecendo o valor da santa e milagrosa imagem, sob a orientação da menina Joana, construíram uma capela para abrigá-la, onde ficou, mesmo após as diversas tentativas do clero de levá-la para a igreja paroquial, de onde sempre desaparecia de modo misterioso.

O seu culto acabou por difundir-se em Portugal e foi levado para o Brasil por mão da Companhia de Jesus, que estabeleceu uma forte relação com esta devoção desde a altura em que os jesuítas sediados em Coimbra se tornaram responsáveis pela localidade da Lapa, por concessão do Rei D. Sebastião.

E recebeu um grande impulso com as pregações e missões do padre Ângelo de Sequeira (Brasil, 1707-1776), notável orador que percorreu Portugal e a Espanha entre 1753 e 1765, promovendo a construção de igrejas em louvor da Senhora da Lapa. No Brasil existem algumas, sendo a mais famosa a Igreja da Lapa, no Rio de Janeiro.

A devoção a Nossa Senhora da Boa Morte é, provavelmente, o mais antigo culto prestado à Virgem Maria. Ela tem origem numa Tradição Cristã do primeiro Século, chamada "Dormição da Assunta". Essa tradição revela que Nossa Senhora faleceu (por isso o termo “dormição” em referência ao sono da morte). No momento de sua passagem, ela estava cercada pela maioria dos Apóstolos. Estes, sepultaram-na num túmulo que nunca tinha sido usado, situado no Getsêmani, local da agonia de Jesus, em Jerusalém. Após três dias, outro Apóstolo chegou e quis, de todo coração, ver a Virgem Maria pela última vez. O túmulo foi, então, aberto na presença de todos e, para surpresa geral, o corpo de Santa Maria não estava lá. Havia somente um forte odor de flores. Eles compreenderam, assim, que a Virgem Maria foi assunta, ou seja, elevada aos céus de corpo e alma. A partir daí, começaram a cultuar o dia da “Dormição da Assunta". Logo depois, surgiu o culto a Nossa Senhora da Boa Morte e perpetuou-se na Igreja até os dias de hoje. Fonte: IPHAN, Cruz Terra Santa, Diocese de Itaguaí, PMAR. 

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