Igreja e Praia de Freguesia de Santana, Ilha Grande

Freguesia de Santana é uma península (porção de terra de certa extensão, cercada de água por todos os lados, salvo por um, através do qual se une a uma área maior de terreno), na fronteira da face norte com a face noroeste da Ilha Grande, composta por 4 praias.
Praia da Freguesia, Praia da Baleia, Praia da Grumixama e Praia de Araçá. A vista aérea revela a beleza peculiar desta região.
No tempo do império, Freguesia de Santana abrigou uma das mais importantes fazendas da Ilha Grande, de propriedade do lendário Major das Milícias e Ordenanças Bento José da Costa.
Um “formigueiro” de escravos, cerca de 600, cultivava a cana-de-açúcar, o feijão, a mandioca, o café.  
Enquanto outros espremiam o doce da ardente cana nos seis engenhos da fazenda para transformá-lo na mais famosa cachaça da época e que era usada como escambo no tráfico de escravos da África; além de produzirem o açúcar, a farinha e o pescado mandados para a Europa ou comercializados com outras vilas do continente.
Por ocasião do dia de Sant’Ana (26 de julho), a movimentação no povoado era intensa.
Romarias de barcos enfeitados chegavam de diversas localidades, como também pelos caminhos e trilhas vinham os fieis festeiros para a quermesse que durava dias. Curiosamente, a padroeira da Ilha Grande não é mais homenageada como naquela época.
O que restou da grandeza e prosperidade deste povoado está hoje reduzido à secular Igreja de Sant' Ana, construída em 1796, em louvor a Santa Ana.
O templo é o mais importante monumento religioso da Ilha Grande e vem resistindo bravamente aos tempos. Ainda, existe um cemitério abandonado, inúmeras ruínas de casarões, senzalas e canais subterrâneos de água. Alguns locais foram reformados pelo atual proprietário e encontram-se descaracterizados. (foto da década de 40)
Por ser uma propriedade particular, sua visitação está restrita às areias da praia, ao entorno da igreja e as trilhas da região.
Apesar disto, o passeio vale a pena, não só pela beleza da igreja, mas pela tranquilidade do local. Em 1º de janeiro de 1802, foi transformada em Freguesia. Foi nomeado como administrador o Pe. Eugênio Martins da Cunha.
Mais tarde, por provisão de 8 de janeiro de 1803, o Bispo do Rio de Janeiro, D. José Joaquim Justiniano de Mascarenhas Castelo Branco, elevou toda a Ilha Grande à categoria de paróquia, com o nome de Santana da Ilha Grande de Fora e a Igreja de Santana serviu de Igreja Matriz.
O Major Bento foi responsável pela vitória sobre corsários argentinos na Ponta de Castelhanos, com ajuda de soldados improvisados em 23 de julho de 1827. Eles haviam desembarcado do veleiro Presidente e saqueado propriedades locais.
Bento nasceu na Ilha Grande em 1754 e faleceu em Angra dos Reis, em 1860, com 106 anos de idade. Foi um dos grandes colonizadores da Ilha Grande.
Na década de 1980/90,  sócios de uma instituição bancária se dizendo proprietários da área, quiseram até mesmo cercar o acesso a igreja e da trilha dos moradores caiçaras. Com resistência dos habitantes locais e moradores católicos do continente, além do auxílio espiritual de freis e padres missionários (ainda que parco), que continuaram com missas anuais e com a festa.
O templo possui um altar elaborado e com talha em madeira, apresenta estilo rococó tardio, com colunas de dossel dórico e altar-mor em escada, típica do barroco brasileiro. O altar-mor era todo foliado a ouro, entretanto, uma empresa retirou para uma reforma e nunca mais devolveu.
A festa da padroeira é o único evento religioso local, na maior parte do tempo a igreja permanece fechada.
Santana, tem sua origem em Santa Ana ou Sant'Ana (do latim Anna, por sua vez do hebraico transliterado Hannah, "Graça") foi esposa de São Joaquim, mãe de Maria, avó de Jesus Cristo.
A devoção aos pais de Maria é muito antiga no Oriente, onde foram cultuados desde os primeiros séculos de nossa era, atingindo sua plenitude no século VI.
No Brasil é a Padroeira dos moedeiros, os empregados que trabalham na produção de cédulas, moedas e outros produtos fabricados na Casa da Moeda do Brasil que têm em Santa Anna sua padroeira. Foi impressa uma moeda, hoje rara, pela Casa da Moeda do Brasil da padroeira de Sant'Anna.
A festividade da padroeira como nas demais localidades da ilha também inclui a parte pagã com realizações de brincadeiras, bingos, gincanas, etc.
As comemorações são encerradas em grande estilo com apresentações musicais e o tradicional forró que coloca todo mundo para dançar.
Com as migrações forçadas para os morros do centro da cidade, no continente, de muitas famílias de ilhéus, sob pressão de especuladores imobiliários. O prédio da igreja ficou abandonado, com o telhado acometido de cupins e telhas quebradas, paredes com infiltração e mato no entorno. Em 2019, após a publicação da matéria a igreja teve seu telhado reconstruído, além de algumas melhorias, como limpeza do entorno e pintura.    
Antes da migração da população local para o continente e para outras partes da ilha, existia uma escola próxima a igreja. Abandonada a construção se encontra em ruínas, dentro dela muito lixo e fezes de visitantes que utilizam o local como banheiro. Chama atenção uma frase adaptada de Kawantsu: "Se queres colher no curto prazo, plante cereais. Se queres colher no longo prazo, plante árvores, mas se queres colher para sempre, deves educar as crianças".
 Atualmente a Freguesia de Santana é parada de diversas escunas que partem do centro de Angra dos Reis, da Vila do Abraão, Conceição de Jacareí, e outros. Essas embarcações levam visitantes até as águas calmas e claras da Freguesia.
A Praia de Freguesia de Santana também já abrigou uma fábrica de sardinha, desativada com o declínio da atividade no final dos anos 80 e início dos anos 90. Fonte: Ednéia M. Pascoal , INEPAC, Alípio Mendes, Bruno Kenji, Felipe Martini, Sueli Messias, Ivo dos Reis.   

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