Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição Angra dos Reis

  
A construção da igreja teve início em 1625 para abrigar a imagem vindas de Portugal, mas a obra só foi concluída em 1750. É a igreja mais rica do município e foi tombada como patrimônio histórico nacional em 1954. 
O seu altar inicialmente abrigaria os três reis magos, e de acordo com historiadores já estava pronto, tendo que ser refeito para abrigar a imagem de N. S. da Conceição em Angra dos Reis, conforme a lenda a seguir. 

Uma história que envolve mistério e muita fé, assim foi o início da devoção à Nossa Senhora da Conceição em Angra dos Reis. Conta a lenda que no ano de 1632 veio de Portugal uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, com destino a cidade de Itanhaém.  

Ao passar pela baía da Ilha Grande, essa embarcação foi surpreendida por uma tempestade misteriosa, que segundo relatos surgiu como um passe de mágica e que impossibilitou-os de seguir viagem, praticamente obrigando-os a aportar em Angra dos Reis.
Quando aqui chegaram, o povo local muito religioso, resolveu então, diante de tão linda imagem, fazer uma vigília à Nossa Senhora da Conceição. 
No dia seguinte, já com o bom tempo a favor, a embarcação seguiu viagem levando a imagem de Nossa Senhora da Conceição. Desta vez notaram que curiosamente um grande cardume de peixes, os quais eram até então desconhecidos nesta região seguia a embarcação em ambos os lados. Hoje sabe-se que o tal peixe, a Cavala, curiosamente possui uma formação em sua cabeça que visualmente se assemelha muito à imagem de Nossa Senhora, sendo usados por artesão para confecção da imagem.
Mas apesar do bom tempo, mais uma vez a embarcação ao deixar Angra foi surpreendida com uma nova tempestade, fazendo com que mais uma vez aportassem na cidade. 

 
A história conta que por dias seguidos a embarcação tentou deixar a cidade, com a imagem, mas sem sucesso, sempre com o mau tempo os impedindo. Depois disso, o capitão da embarcação ficou convencido de que tudo era um aviso divino, e que a vontade de Nossa Senhora era que a imagem ficasse mesmo em Angra dos Reis.  
Assim, Angra acolheu de braços abertos a linda imagem de Nossa Senhora da Conceição que hoje ocupa o altar da Igreja Matriz e além  disso fez dela a padroeira da cidade, juntamente com São Benedito. 
Para que isso acontecesse a câmara municipal foi decisiva, comprando a imagem, para que permanecesse na vila. Foi realizada uma coleta entre os habitantes, e o capitão do navio concordou com o preço de 80.000 réis, deixando a imagem e seguindo sua viagem sem problemas. A população entendeu que o desejo da santa de permanecer na vila foi atendido. 

Imaculada Conceição refere-se a um dogma através do qual a Igreja declarou que a concepção da Virgem Maria foi sem a mancha (mácula em latim) do pecado original. Desde o primeiro instante de sua existência, a Virgem Maria foi preservada do pecado pela graça de Deus. Ela sempre foi cheia da graça divina. O dogma declara também que a vida da Virgem Maria transcorreu completamente livre de pecado.


Desde os tempos da Igreja primitiva, os fiéis sempre acreditaram que Maria, a Mãe de Jesus, nasceu sem o pecado original. Tanto no Oriente como no Ocidente, há grande devoção à Maria enquanto mãe de Jesus e Virgem sem Pecados. No começo do cristianismo o dogma da Imaculada Conceição já era tida como uma verdade de fé para os fiéis. 
O dogma que declara a Imaculada Conceição da Virgem Maria é fundamentado na Bíblia: Maria recebeu uma saudação celestial do Anjo Gabriel quando este veio anunciar que ela seria a Mãe do Salvador. Nessa ocasião, o Anjo Gabriel saudou como cheia de graça. 
Foi o papa Pio IX, quem proclamou o dogma da Imaculada Conceição, recorreu principalmente à afirmação de Gênesis (3, 15), onde Deus diz: Eu Porei inimizade entre ti e a mulher, entre sua descendência e a dela, assim, segundo esta profecia, seria necessário uma mulher sem pecado, para dar à luz o Cristo, que reconciliaria o homem com Deus. O verso Tu és toda formosa, meu amor, não há mancha em ti, no Cântico dos Cânticos (4,7) também é uma referência para defender a Imaculada Conceição. Outras passagens bíblicas referentes são: Também farão uma arca de madeira incorruptível (Êxodo 25, 10-11). Pode o puro (Jesus) vir de um ser impuro? Jamais! (Jó 14, 4). Assim, fiz uma arca de madeira incorruptível... (Deuteronômio 10, 3). Maria é considerada a Arca da Nova Aliança (Apocalipse 11, 19) e, portanto, a Nova Arca seria igualmente incorruptível ou imaculada.  
Também existem os escritos dos Padres da Igreja, como Irineu de Lyon e Ambrósio de Milão. São Tomás de Aquino, por volta de 1252, declarou abertamente que a Virgem foi, pela graça, imunizada contra o pecado original, defendendo claramente o dogma do privilégio mariano, que seria declarado e definido séculos mais tarde. O dia da festa da Imaculada Conceição foi definido em 1476 pelo Papa Sisto IV. A existência da festa era um forte indício da crença da Igreja na Imaculada Conceição, mesmo antes da definição do dogma no século XIX. 
Imagem do Sagrado Coração de Cristo, atualmente ao lado da igreja.
  
No dia 8 de dezembro de 1854, dia da festa, o Papa Pio IX, com a Bula intitulada Deus Inefável (Ineffabilis Deus), definiu oficialmente o dogma da Santa e Imaculada Concepção de Maria.
Assim está escrito na bula (documento papal) intitulada Ineffabilis Deus que o Papa Pio X proclamou: Em honra da Trindade (...) declaramos a doutrina que afirma que a Virgem Maria, desde a sua concepção, pela graça de Deus todo poderoso, pelos merecimentos de Jesus Cristo, Salvador do homem, foi preservada imune da mancha do pecado original. Essa verdade foi-nos revelada por Deus e, portanto, deve ser solidamente crida pelos fiéis.
 
Santa Bernadete Soubirous (1844-1879), a jovem que viu Nossa Senhora em Lourdes, disse que Nossa Senhora se auto definiu dizendo assim: Eu sou a Imaculada Conceição. Isso aconteceu em 1858, apenas quatro anos após a definição do dogma.  Todos os estudiosos consideram quase impossível que uma adolescente como era Bernadete, vivendo num lugarejo insignificante como era Lourdes, soubesse da proclamação do dogma e muito menos o seu significado. Por isso, as aparições de Nossa Senhora em Lourdes são consideradas como uma confirmação celstial do dogma da Imaculada conceição. Esta é uma das três aparições de Nossa Senhora consideradas verdadeiras pela Igreja Católica.
 
Por isso, nós podemos recorrer a Maria com toda a confiança justamente porque ela é Imaculada, sem mancha, sem pecado, sem impurezas. Ela é cheia, plena, repleta da graça de Deus e, por isso, pode ouvir nossos pedidos e súplicas e apresentá-los ao Pai, diante de quem ela está no céu. Nossa mãe celestial é pura, santa, sem pecado e nos ama com um amor puro, santo e divino. Assim, com esta confiança, recorramos a ela sempre, pois ela intercede por nós.
 
Fonte: Cruz Terra Santa, Diocese de Itaguaí, Alípio Mendes, Ednea M. Pascoal.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lançamento do Navio Henrique Lage,1961, Verolme.

O ex-Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, participou da cerimônia de lançamento do navio Henrique Lage, no estaleiro Verolme, atua...