A mais tradicional panificadora de Angra, de propriedade da dona Auta Barbosa Gonçalves, traz o moderno e o antigo aos seus frequentadores, agregando de maneira harmônica, vê-se senhores discutindo politica à profissionais liberais e comerciários. Todos encontram atendentes acolhedores, sobretudo a matriarca do estabelecimento, Dona Alta e sua família, sempre simpáticos e solícitos.
Destaque para a senhora que atende no caixa. Sério, ser atendido por ela, alegra o seu dia! Além disso, a padaria está localizado em um prédio colonial de 1915, e possui mais de 100 anos de história. Seja de manhã ou a tarde, não se pode deixar de prestigiar este estabelecimento histórico. A única padaria com forno a lenha, bem como diversos equipamentos que são raros de ver.
Vale a pena a visita. Apesar da falta de mesas para mais pessoas, por conta do espaço restrito, possuí um ambiente agradável de camaradagem que ali impera, e até faz com que esqueçamos este detalhe.
Em 2008, a Prefeitura de Angra dos Reis, através da Fundação de Cultura de Angra dos Reis (Cultuar), fez uma homenagem emocionante à Sra. Auta Barbosa Gonçalves, ou melhor, à D. Auta da Padaria do Comércio. Pelo projeto Angra Salva a Sua Memória – Vida e Obra, ela foi homenageada na Praça da Matriz. O presidente da Cultuar na época, Mário dos Anjos, marcou presença e chorou, emocionado, assim como várias outras pessoas presentes. Foi uma bela homenagem!
Foi montada uma exposição contando um pouco a trajetória de D. Auta em Angra dos Reis. Ela nasceu em 15 de dezembro de 1932, numa cidadezinha chamada Caetanópolis, Minas Gerais. Casou-se com Seu Francisco e teve três filhas. Ele trabalhava no moinho em Barra Mansa e foi transferido para gerenciar o moinho de Angra dos Reis.
Assim começou a história da padaria mais famosa do Centro de Angra: a Padaria do Comércio. Seu Francisco não deixava a esposa trabalhar como professora, pois tinha que cuidar das três filhas. Mas, ela bordava muito bem e com isso ajudava no sustento da casa. Passados 11 anos que estavam em Angra, Seu Francisco seria transferido. Porém, a família já tinha se apaixonado por Angra e não queria ir embora.
Já que ele tinha muito conhecimento por abastecer as padarias de Angra com farinha de trigo, em setembro de 1972, resolveu comprar a famosa Padaria do Comércio de dois sócios alemães. Passaram um ano difícil, pois o dinheiro era curto e a padaria só fornecia pão pela manhã, tendo que trabalhar muito para pagar as prestações. Seu Francisco então resolveu transformar a padaria, dividindo-a numa parte para vender pães e outra em lanchonete. Então, D. Auta resolveu arregaçar as mangas e trabalhar com os padeiros fazendo a parte da confeitaria. Sem experiência, começou fazendo os primeiros doces e salgados com as receitas que sua sogra mandava pelo correio, pois ela era uma grande doceira em Barra Mansa. Mais tarde, D. Auta foi criando suas próprias receitas. As filhas começaram a trabalhar desde cedo com os pais, mas estudaram e se formaram. Em setembro de 1991, Seu Francisco faleceu.
A família de D. Auta chegou a cogitar sua volta para Minas Gerais. Porém, ela resolveu ficar e encarar a padaria com as três filhas. A Padaria do Comércio tem tanto sucesso que chegou a ser notícia numa revista de São Paulo, contando a história da família. D. Auta já se sente uma cidadã angrense, pelo amor que sente por esta cidade. Assista a entrevista com a proprietária e acompanhe o tur pela padaria.
Fonte: PMAR, Câmara Municipal de Angra dos Reis, Arquivo pessoal.
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