Uma das nascentes ficava no alto da chácara da Carioca, a água era coletada em canos de bambu até jorrar em um poço na parte mais baixa. Com a construção do Chafariz da Carioca, a própria população passou a abastecer-se de água.
No friso superior de ornamentação vem escrito "Pela Câmara Municipal". O Chafariz, bem tombado pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro (INEPAC), sofreu descaracterização ao longo dos anos, como a perda da cobertura do tanque lateral e da vegetação do entorno.
O largo possui um obelisco em comemoração ao seu centenário. Por se tratar de um local muito frequentado no passado, deu origem a diversas lendas. Também era comum rapazes e moças aproveitar o passeio pelo local para trocar olhares, sorrisos, cumprimentos e, muito raramente tinha lugar um pequeno bate papo, uma conversa.
Para verificar as mudanças, basta observar as fotos de datas diferentes e que por si só já contariam uma história de modificações e crescimento desordenado do entorno.
A Lenda da Bica do Meio
Era comum à tarde, as pessoas irem à fonte da Carioca para um passeio e beber água fresca e límpida que das cinco bicas jorrava. Conta lenda que quem toma água da bica do meio, não mais esqueceria de Angra e, se dela sair, um dia há de voltar.
Um bloco carnavalesco já tradicional no carnaval angrense, usa em seus desfiles um carro alegórico que simula o chafariz, trata-se do Bloco da Carioca. O bloco leva alegria aos foliões ao mesmo tempo que promove a divulgação de importante patrimônio da comunidade angrense. Na foto abaixo é possível ver duas edições, em uma delas a data do primeiro desfile do bloco, 1987.
A Lenda do Amor Proibido
Era comum no passado as sinhazinhas com suas mucamas dar o seu passeio pelo local. Receber a brisa refrescante e abebedar-se da água cristalina era quase rotina. O frescor ao pé da fonte, o aroma das acácias, das flores das paineiras e das flores silvestres que a ela circundavam, tornavam o local paradisíaco.
Os jovens da época, almofadinhas ou janotas, também apreciavam esse passeio; olhares eram trocados, sorrisos furtivos...
Certa vez um jovem mais afoito, chega-se à mucama e pedi-lhe de beber, deixa em suas mãos, um bilhete crivado de frases lindas, cheio de juras de amor e pedindo permissão para aproximar-se da jovem escolhida e que lhe foi concedido. Poucos encontros ao pé da fonte, foram o bastante para se apaixonarem.
O pai da jovem ao saber desses encontros, proíbe o passeio. O rapaz apaixonado vai a fonte todos os dias, esperando rever a musa dos seus sonhos. Mas, em vão. Triste e abatido ingressa nas fileiras dos Voluntários, para a Guerra do Paraguai. Manda-lhe ainda um recado: Ainda espero encontra-la um dia, mesmo que seja depois de morto. A moça definha dia a dia, lamentando o amor perdido. Morre o rapaz, nos campos de batalha... A jovem termina seus dias em seu leito de dor...
Seria uma história com um final triste. Entretanto, como seu amor era puro e sincero, teria sobrevivido mesmo depois desta vida e segundo os mais antigos numa época em que ainda haviam árvores no entorno, em noite de lua cheia, com o luar se infiltrando e espalhando sua luz entre as folhas da paineira, era visto duas sombras, de mãos dadas, junto a fonte. Muitos acreditavam se tratar do jovem casal, assim a lenda ganhou força e foi contada ao longo dos anos.
Assista a peça teatral, "A lenda da bica da Carioca"
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