Instituto Penal Cândido Mendes, Dois Rios, Ilha Grande

 
A Colônia Correcional foi criada em 1894 e instalada oficialmente em 1903, com o objetivo de afastar da cidade os bêbados e vagabundos (presos comuns).
Durante o período em que esteve em funcionamento na Ilha Grande, a colônia passou por várias reformas, que a transformou em uma grande prisão de muros de altos, onde as fugas eram muito difícil.
Na década de 1940 passou a ser chamada Colônia Penal de Dois Rios. Na imagem um desfile em frente a colonia na Avenida das Palmeiras.
Em 1962, por ocasião da demolição do prédio do Lazareto por ordem do governador Carlos Lacerda, os presos foram transferidos para a Colônia Penal de Dois Rios. (acima a imagem do Lazareto)
Após receber os presos vindo do Abraão a colonia foi rebatizada com o nome de Instituto Penal Cândido Mendes (IPCM). A partir daí adquiriu o status de presídio, considerado de segurança máxima.
Durante o regime militar, os “presos comuns” ocupavam o térreo, o primeiro e o terceiro pisos do edifício central.
Os “presos políticos” ficavam em um regime ainda mais fechado, no segundo piso. Na imagem acima uma vista aérea do presídio.
Foi nesse instituto penal, que em 1979 nasceu um das maiores facções criminosas que assolam o país atualmente, o “Comando Vermelho”.
O presídio também ficou conhecido como "Caldeirão do Diabo ", por conta dos conflitos violentos, castigos impostos e péssimo ambiente.
Voltando ao Comando Vermelho, a facção teria sido criada a partir do convívio entre presos políticos e assaltantes de bancos.  
Este fato, é importante para entender como algumas facções criminosas passaram a se organizar e se fortalecer, alcançando maior destaque e poder, iniciando uma nova era de violência urbana que nos trouxe ao cenário atual.
Em 1985, apenas seis anos após a fundação do Comando Vermelho, foi realizada a mais espetacular fuga da Ilha Grande: José Carlos Encina, conhecido como “Escadinha”, líder do Comando Vermelho, conseguiu fugir do presídio em um helicóptero.
A complexidade da fuga demonstrou alto nível organização, deixando todos apreensivos sobre o que estava por vir.
Em dias de visita a Ilha Grande ficava cheia, os familiares dos presos vinham aos montes como pode ser visualizado na imagem acima da década de 70, (foto de Sérgio Orestes Ribeiro).
As visitas não eram frequentes e alguns presos tinham uma cadelinha de estimação com quem mantinham relações. Na foto acima pode ser vista a presença dos pets no pátio interno do presídio.
A colônia pertenceu ao extinto Estado da Guanabara como pode ser verificado na imagem acima, ainda chama atenção o poder de fogo do oficial.
O responsável pela obra do presídio em 1940 foi o Engenheiro Alberto Haas, conforme a placa de identificação acima. Seu nome também está em uma rua no bairro do Jacarezinho no Rio de Janeiro.
Na época da construção era costume utilizar a mão de obra dos detentos, prática que reduzia a pena em caso de bom comportamento.
A história do presídio é importante porque tem um elo direto com a história política e dos direitos civis do Brasil.
Muitos presos políticos estiveram na Ilha Grande, como: Orígenes Lessa, por ter participado da Revolução Constitucionalista; Graciliano Ramos, acusado de ser comunista; Agildo Barata e muitos outros líderes do Partido Comunista; Nelson Rodrigues Filho e diversos membros de partidos políticos de esquerda que lutaram contra o golpe militar de 1964.
Os moradores da ilha, principalmente das regiões mais distante do presídio, possuem experiências pavorosas em relação a fuga de presos, segundo moradores, os presos eram violentos, entravam nas casas, comiam a comida, roubavam as roupas, abusavam sexualmente das mulheres, assassinavam moradores e roubavam embarcações. (imagem da implosão em 1994)
Em 1993 o Instituto Penal Cândido Mendes na Vila Dois Rios foi desativado, sendo parcialmente implodido em abril de 1994, por ordem do governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola.
A desativação das instalações carcerárias na Ilha Grande, foi muito importante para o desenvolvimento do turismo no local, com uma localização privilegiada, próxima a dois grandes centros urbanos extremamente desenvolvidos, Rio de Janeiro e São Paulo, que são atualmente os principais centros emissores de turistas nacionais.
Muitos protestaram contra a implosão, o governo alegou falta de recursos para promover uma reforma que o transformaria em museu, assim por motivos de segurança, já que estava em ruínas a implosão foi apontada como única saída.
Após a implosão, o turismo rapidamente se tornou a base da economia local, com a presença de milhares de visitantes anualmente. Todo esse fluxo de turistas, porém, vem ocorrendo de forma acelerada e desordenada, o que resulta em graves ameaças à preservação da natureza, história e cultura da região.
Ainda em 1994, o Governo do Estado do Rio de Janeiro concedeu à UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), as áreas anteriormente ocupadas pela Colônia Penal Cândido Mendes na Vila Dois Rios.
De acordo com o Termo de Cessão de Uso nº 21, de 18/10/1994, a UERJ passou a ser cessionária das antigas instalações e benfeitorias remanescentes das extintas Colônias Penal e Agrícola ali existentes.
Este termo previa as implantações de um centro de estudos e de um museu que buscassem preservar e dinamizar os vários aspectos que envolvem a memória e o ecossistema da Ilha Grande.
Desde 2009, o acervo do IPCM, está disponível no Museu do Cárcere na Vila de Dois Rios, sendo administrado pela UERJ.  
Nas últimas fotos do artigo é possível visualizar uma parte do acervo do Museu do Cárcere. Fonte: Graciliano Ramos, UERJ, Caiçaras.  

Um comentário:

  1. Prezados Senhores

    Estou escrevendo um livro cujo tema aborda navios e embarcações desaparecidas no litoral brasileiro desde finais do século XIX até o final do século XX.
    O objetivo do livro é prestar uma homenagem aos tripulantes desaparecidos e contar um pouco da história das armadoras e alguns fatos e curiosidades que tenham relação com aqueles acidentes.
    A razão desse contato é verificar a possibilidade de publicar em meu livro as duas fotografias do Instituto Candido Mendes. São elas a Quarta e a Sexta fotografia, contando de cima para baixo. Por favor, informe se houver algum custo associado.

    Atenciosamente

    Fabio Conti (fabiokc@terra.com.br)

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